Prognóstico
La Niña deve manter chuva fora da média
Estiagem preocupa municípios da Zona Sul; frio intenso também deve chegar mais cedo neste ano
Paulo Rossi -
Nesta terça-feira (20) o verão despede-se oficialmente e o outono chega. As mudanças climáticas, no entanto, devem ficar mais na questão da temperatura do que nas chuvas, e isso preocupa municípios da região ainda em situação de emergência causada pela seca.
O prognóstico elaborado pela meteorologista Estael Sias, da Metsul, aponta a perspectiva da continuidade da influência do fenômeno La Niña na região. Desta forma, os meses de outono ainda se manterão com chuva irregular e mal distribuída. Desta forma, ela aponta que os volumes de chuva podem continuar abaixo dos volumes da média histórica na Zona Sul e Costa Doce.
Já o frio poderá vir mais cedo. As previsões apontam muita variabilidade para o início da estação, algo normal à época, intercalando frio e calor na transição de março e abril. Porém, em seguida as temperaturas devem cair. Entre maio e junho são esperados períodos de frio mais persistentes e maior potencial de geadas na Zona Sul. Ao final do outono, a meteorologista prevê também o fim do La Niña. “Mas ainda influencia bastante o clima durante estes meses”, pondera.
A situação acaba gerando apreensão em municípios da Zona Sul. Em Pelotas, o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, afirma que a barragem Santa Bárbara está 1,5 metro abaixo do nível. O reservatório abastece pouco mais de 50% da população do município. Apesar da queda significativa, a expectativa é de suportar um pouco mais. Ele lembra que, em outras secas, ela chegou a estar três metros abaixo do volume normal.
Por estar coletando água de pontos mais profundos, o problema da seca é acarretar mais custos no tratamento. Uma outra bomba de emergência também ajudará a fazer a captação de água. Segundo Garcia, a ideia é evitar racionamento. Dos outros três reservatórios da cidade - Sinott, Quilombo e Moreira -, o último é o em situação mais delicada, mas as chuvas desta semana aliviaram um pouco estes problemas. “A gente está em uma condição confortável, mas estamos ligados”, comentou o diretor-presidente. Segundo ele, os reservatórios de Pelotas têm pelo menos mais 15 dias de fôlego.
Preocupação na região
O coordenador regional da Defesa Civil, Tenente Charles Silveira, diz que a situação segue crítica. Atualmente, são 21 municípios em situação de emergência. Segundo ele, os prejuízos, em maioria na zona rural, são irrecuperáveis.
Engenheiro agrônomo da Emater, Evair Ehlert destaca que, embora as principais culturas da região se desenvolvam na primavera e no verão, o outono é importante para a reposição das pastagens e também dos reservatórios de água. “Preocupa barbaramente a questão da reposição dos mananciais de água”, lamenta. No município de Canguçu, visitado na última quinta-feira por Ehlert, a situação da zona rural é a mais preocupante. A produtividade da soja está baixa, beirando os 30 sacos, deixando a maioria dos produtores próximos do prejuízo.
Em Morro Redondo, o prefeito Diocélio Jaeckel (PTB) também é pessimista quanto à situação atual e para os próximos meses, definindo-a como crítica. “A tendência é só piorar”, afirma. Ele considera pouca a ajuda da Defesa Civil e dos outros poderes, mas mantém a expectativa de aumento nos auxílios em breve. A ideia é abrir poços e açudes para diminuir os efeitos da estiagem, principalmente na zona rural.
Já em São Lourenço do Sul, o engenheiro agrônomo da Emater, Lauro Schneid, lamenta a perda das safras, em especial do milho. Apesar dos prejuízos estarem em sua maioria no campo, o abastecimento também preocupa. “O consumo está quase esgotado”, avalia, embora também ressalte que as chuvas da última semana tenham amenizado um pouco a seca, ainda que não suficientemente.
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